O uso de dados no mercado de materiais de construção
Dentro do universo de bens de alto consumo, as vantagens da automação e da inteligência de dados para as áreas de vendas, marketing e trade são bastante conhecidas. Muitas indústrias e distribuidores já têm acesso ao conhecimento e aos insights que plataformas de business intelligence podem fornecer. Com isso, otimizam suas operações, dinamizam o relacionamento com seus parceiros comerciais e identificam com maior facilidade e agilidade os desafios e oportunidades do segmento em que atuam.
Contudo, entre os analistas e consultores da Mtrix, que mantêm contato permanente com o mercado, a percepção é de que há alguns segmentos da indústria que ainda não estão realmente nesse processo de adoção de ferramentas de alta tecnologia com foco mercadológico. O uso de dados no mercado de materiais de construção, por exemplo, é um desses casos. O segmento engloba empresas que poderiam facilmente beneficiar-se de soluções de inteligência, mas o fazem ainda em pequeno número. E, claro, a pergunta é: por quê?
Vamos aqui falar um pouco sobre esse mercado e levantar algumas possibilidades, lembrando que o segmento abrange indústria, distribuidores e varejistas que comercializam uma ampla gama de itens: tintas e materiais para pintura, material elétrico, vidros, ferragens, madeira, cimento, materiais hidráulicos, areia, pedras, revestimentos, tijolos, telhas, ferragens e ferramentas, entre outros produtos.
DISTRIBUIÇÃO E VAREJO
De acordo com o estudo divulgado em março de 2024 pela Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco) e produzido a partir de dados oficiais da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), gerenciada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, o Brasil tinha 152 mil lojas de materiais de construção no ano de 2022.
O número representou um aumento de 12,38% em relação a 2021, com crescimento em todas as regiões do país, com destaque para estados do Norte que apresentaram crescimento acima de 20%: Amazonas (22,02%), Acre (21,88%) e Pará (21,78%). Em termos absolutos, porém, a região Sudeste ainda concentrava cerca de 46,3% das lojas varejistas do setor. O levantamento apontou, ainda, tratar-se de um setor bastante pulverizado, onde as lojas pequenas (até 4 funcionários) representam 67,1% do universo.
Já a Pesquisa Anual do Comércio (PAC) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), publicada em julho deste ano e também referente a 2022, chegou a um resultado um pouco diferente, identificando 141.914 lojas de materiais de construção no Brasil, de todos os portes e formatos. A pesquisa também indicou que esse segmento de varejo tem participação de 13,2% no total de 1.075.756 empresas comerciais varejistas brasileiras, atestando sua importância e a necessidade do uso de dados no mercado de materiais de construção.
Independentemente da variação numérica entre os dois levantamentos, fica claro que a expressiva quantidade de lojas, especialmente as de pequeno porte, e sua ampla distribuição pelo território nacional implicam a necessidade de uma rede significativa de distribuidores capazes de abastecer esses comércios. E isso de fato ocorre, pois a plataforma de big data Econodata aponta, ainda em 2022, a existência de 6.649 empresas de comércio atacadista de materiais de construção em todo o Brasil.
DADOS DA INDÚSTRIA
Em relação à indústria, contamos com os dados do estudo realizado em parceria pela Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat) e a Fundação Getulio Vargas, com o Perfil da Cadeia Produtiva da Construção e da Indústria de Materiais referente ao ano de 2020.
Em 2020, diz o estudo, as vendas da indústria de materiais de construção somaram 210,8 bilhões de reais, enquanto o setor da construção, que abrange as obras de construção, reforma e manutenção realizadas pelas empresas, pequenos empreiteiros e famílias, gerou um PIB de 212,5 bilhões de reais. Ainda segundo esse estudo, a indústria e o comércio de materiais respondem por cerca de 32% desse montante.
De lá para cá muita coisa aconteceu na nossa economia, incluindo a pandemia da covid-19. Para o segmento, a pandemia teve impacto positivo, já que as pessoas passaram a ficar mais tempo em casa, com menor acesso ao comércio, e direcionaram seus recursos para melhorá-la com ampliações, pintura e reformas. Depois desse período de gastos aumentados e com o maior endividamento das famílias, que segundo o Sinduscon respondem por 44% da demanda de materiais, o segmento apresentou retração em diversos momentos, ou seja, mais um indicativo de que é imperativo usar dados no mercado de materiais de construção.
No ano presente, segundo os levantamentos mensais da Abramat, o faturamento do setor vem acompanhando os movimentos sazonais de 2023, mas com desempenho comparativamente inferior. Mas há indícios de melhora. Pesquisa mensal do varejo produzida pelo IBGE mostra que o volume de vendas de material de construção teve alta de 9,4% em setembro de 2024 em relação a setembro de 2023 e de 4,2% no acumulado do ano. Em relação à receita nominal, setembro teve resultado positivo de 9,3% e acumulou alta de 3,7% no ano.
Soluções tecnológicas para decisões estratégicas
Diante desses dados, fica evidente que, embora trabalhe com produtos muito diferentes dos bens de consumo, a cadeia produtiva dos materiais de construção está sujeita a desafios muito semelhantes aos das organizações que se beneficiam das soluções tecnológicas da Mtrix.
Essas empresas compõem um mercado de presença nacional, com grande capilaridade e alta concorrência. Seus resultados sofrem grande impacto dos fatores que influenciam as decisões de compra do consumidor, pelo que devem estar permanentemente atentas às mudanças no seu comportamento. Precisam lidar com grande variedade de fornecedores, distribuidores, clientes varejistas e SKUs, necessitando de um alto grau de planejamento e acompanhamento na área comercial. Precisam contar com ferramentas capazes de transformar uma imensa quantidade de dados em informação útil, com acuracidade e agilidade para tomar decisões certeiras em tempo hábil, se quiserem estar um passo à frente da concorrência.
Em outras palavras, ficam claras a necessidade e a urgência do uso de dados no mercado de materiais de construção. Porém, conhecendo os massivos benefícios da inteligência de dados para negócios com esse perfil, a pouca adesão do setor à tecnologia aplicada ao business intelligence com foco em estratégias mercadológicas é realmente surpreendente.
A esse respeito, vale a pena olhar um estudo do próprio IBGE que aborda a questão. A pesquisa não tem o foco no mercado de materiais de construção, mas foi realizada com uma amostra muito relevante de grandes empresas do país, o que certamente inclui representantes do segmento.
A ADOÇÃO DE TECNOLOGIA PELA INDÚSTRIA
Em relação à ausência de uma estratégia de dados no mercado de materiais de construção, a Pesquisa de Inovação Semestral (PINTEC Semestral) divulgada pelo IBGE em setembro de 2023 apresenta um panorama preocupante.
Em seu módulo de Tecnologias Digitais Avançadas, Teletrabalho e Cibersegurança, o estudo mostra que, em 2022, 84,9% (8.134) de 9.586 empresas industriais com 100 ou mais pessoas ocupadas utilizaram pelo menos uma tecnologia digital avançada. A mais adotada foi a computação em nuvem (73,6%), seguida pela internet das coisas – IoT (48,6%), robótica (27,7%), análise de big data (23,4%), manufatura aditiva (19,2%) e inteligência artificial (16,9%).
Verifica-se que a análise de big data (tecnologia utilizada para coletar, processar e analisar grandes quantidades de dados extraídos da própria empresa ou de outras fontes externas), adotada em 23,4% (2.239) das indústrias de médio e grande porte pesquisadas, representa uma porcentagem bem aquém de outras tecnologias e que sua utilização, em 45,7% dos casos, é voltada para a área administrativa.
Entre as empresas que não adotaram nenhuma tecnologia digital avançada, os principais fatores apontados para essa recusa foram:
- Altos custos das soluções tecnológicas (70,3%)
- Escassez de recursos financeiros (49,5%)
- Falta de pessoal qualificado na empresa (46,4%)
- Riscos associados à segurança e privacidade (39,1%)
- Ausência de conhecimento sobre as tecnologias e benefícios (32,2%).
O mais surpreendente, contudo, foram os 52,5% dos respondentes que simplesmente não identificaram a necessidade dessas tecnologias… Ou seja, o uso estruturado de dados no mercado de materiais de construção ainda é um desafio que o segmento precisa enfrentar, entendendo de uma vez por todas que sem informações confiáveis não há decisões estratégicas consistentes.
Dados no mercado de materiais de construção são fundamentais!
Assim, a Mtrix convida as empresas do segmento para conhecer suas soluções de inteligência de mercado, tirar suas dúvidas sobre questões de segurança, privacidade de dados, infraestrutura e suporte. Conheça os inúmeros cases de sucesso de alguns de nossos parceiros — quase 100 indústrias e cerca de 2 mil distribuidores/atacadistas, que atendem mais de um milhão de pontos de vendas em todo o Brasil.
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