Estudo da Mtrix mostra desempenho do mercado de alimentos em 2024

A Mtrix acaba de divulgar o estudo Mtrix Market Insights, comparando os números do mercado de Alimentos em 2024 com os do ano de 2023, nos canais Varejo Alimentar e Food Service. O canal Varejo Alimentar considerado neste estudo engloba atacado de autosserviço, mercados de as partes, lojas de conveniência, além de varejos tradicionais como armazéns, mercearias e empórios. Já o food service considera dados de bares, lanchonetes, padarias, restaurantes, hotéis/motéis e estabelecimentos voltados ao entretenimento.
Os números trazem um panorama do mercado Brasil e análises por regiões e por faixa populacional, além de destacar KPIs como vendas em receita, volume, preço, total de compradores e ticket médio por PDV. É um estudo abrangente e bem fundamentado em dados de alta qualidade, o que faz dele um parâmetro importante para qualquer planejamento por parte das empresas de bens de consumo.
UM BREVE CENÁRIO
Questões que envolvem a capacidade de compra do brasileiro são sempre relevantes, uma vez que quedas no nível de emprego e na renda, endividamento e outros fatores podem influir de forma importante no comportamento dos consumidores. Neste sentido, uma pesquisa preocupante foi publicada em meados de janeiro pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), apontando que o varejo deixou de faturar cerca de R$ 103 bilhões ao longo do ano de 2024 em decorrência do redirecionamento dos recursos das famílias para as bets, as conhecidas plataformas virtuais de apostas esportivas e de cassino online.
Mesmo levando em consideração esse e outros aspectos tais como o constante escrutínio do mercado acerca da austeridade fiscal, a taxa básica de juros ainda elevada e um certo descolamento da inflação em relação à meta estabelecida, é preciso reconhecer pontos que deverão impactar positivamente a economia neste ano e no médio prazo.
Alguns números do mercado de Alimentos em 2024
Um exemplo é a recente sanção presidencial da reforma tributária, que simplificou tributos PIS, Cofins, ICMS, IPI e ISS e deve começar a ser implementada a partir de 2026. A reforma adotou isenção para alimentos que compõem a cesta básica do brasileiro e redução de alíquota para outros produtos mercearis e medicamentos. Essa expectativa certamente traz otimismo aos setores produtivos, ainda que os efeitos dessas medidas não sejam sentidos de imediato.
Outros dados positivos do mercado de Alimentos em 2024 vêm da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) do IBGE, que apontam que a alta das vendas do varejo restrito em 2024 pode ser a maior em mais de dez anos. Pelos resultados até novembro, o aumento acumulado é de 5% em 2024 e de 4,6% em 12 meses.
Já a Fecomercio/SP estima que 2024 teve um crescimento entre 7% e 8% sobre 2023, com destaque para os segmentos de farmácia, supermercados e hipermercados.
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), por sua vez, fez uma análise do desempenho da economia brasileira e revisou a projeção de crescimento do produto interno bruto (PIB) brasileiro de 3,3% para 3,5% em 2024 – mesmo prevendo nova desaceleração no quarto trimestre, com altas de 0,3% na comparação com ajuste sazonal e de 3,8% sobre o mesmo período do ano passado.
Certamente, o desempenho passado não garante o desempenho futuro, mas os números do mercado de Alimentos em 2024 sinalizam uma resiliência da economia nacional maior do que costumam projetar alguns analistas. E há, ainda, outros estudos com projeções animadoras.
Levantamento do Ibevar – FIA Business School sugere que os consumidores devem comprar mais no primeiro trimestre de 2025 do que no mesmo período de 2024, mas mantendo o ritmo do quarto trimestre do ano passado. E o próprio IPEA manteve, para 2025, a estimativa de crescimento do PIB em 2,4%.
OS NÚMEROS DO CANAL VAREJO ALIMENTAR
Neste canal, que representa cerca de 84% das vendas, os números mercado de Alimentos em 2024 mostraram crescimento sobre o ano anterior de 8,8% nas vendas em receita e 4,9% nas vendas em volume, com aumento de 3,4% no número total de PDVs. O preço médio teve evolução de 3,8%, enquanto a receita média por PDV cresceu 5,3%. Vale dizer que, no estudo deste canal, todas as regiões trouxeram resultado positivo, em todos os KPIs analisados.
DADOS POR REGIÕES
SUDESTE – Concentrou 36% das vendas, com a maior representatividade entre as regiões. Contudo, houve uma pequena redução na participação, que foi de 37,1% em 2023. Apresentou evolução de 5,7% nas vendas em receita, 1,5% nas vendas em volume, 4% no preço médio, 3,9% no número total de PDVs e 1,7% na receita média por PDV.
NORDESTE – A segunda região com maior peso no estudo, que correspondeu a 25,5% das vendas em 2024, um leve crescimento em relação a 2023, quando respondeu por 25,1% do total. Mostrou elevação de 10,9% nas vendas em receita (um dos melhores resultados entre as regiões), 8,7% nas vendas em volume (o maior crescimento registrado no estudo para esse KPI), 1,9% no preço médio, 2% no número total de PDVs e 8,7% na receita média por PDV.
SUL – Esta região, em 2024, teve participação de 17,7% no total de vendas, frente a 16,9% em 2023. Isso coloca o Sul na terceira colocação em termos de representatividade. Seus resultados foram ampliação de 13,9% nas vendas em receita (o maior crescimento em todo o país), 7,3% nas vendas em volume, 6,1% no preço médio, 3,9% no número total de PDVs e 9,6% na receita média por PDV – também o melhor resultado entre as regiões.
CENTRO-OESTE – A região fica em quarto lugar em termos de representatividade do mercado de Alimentos em 2024, com participação de 10,2% (contra 10,4% em 2023). Apresentou crescimento de 5,9% nas vendas em receita, porém apenas 0,8% nas vendas em volume (o pior resultado para esse KPI), 5% no preço médio, 3% no número total de PDVs e 2,8% na receita média por PDV.
NORTE – Com participação de 10,6% nas vendas totais em 2024 (10,5% em 2023), a região foi a que mostro o maior aumento percentual no número de PDVs, 5,5%. Outros incrementos foram: 9,9% nas vendas em receita, 6,2% nas vendas em volume, 3,4% no preço médio e 4,2% na receita média por PDV.
DADOS POR FAIXA POPULACIONAL
Os aumentos mais significativos no mercado de Alimentos em 2024 ocorreram nas cidades entre 50 mil e 100 mil habitantes: 10,4% nas vendas em receita, 6,8% nas vendas em volume e 7,5% na receita por PDV. Já a maior evolução do preço médio se verificou nas cidades acima de 900 mil habitantes, enquanto o número total de PDVs apresentou os maiores percentuais de crescimento nas cidades entre 100 mil e 500 mil habitantes (4,3%) e entre 500 mil e 900 mil habitantes (4,2%).
No KPI crescimento de vendas em volume, o pior desempenho ficou com as cidades acima de 900 mil habitantes (2,7%), enquanto o menor aumento do preço médio se verificou nas cidades de até 20 mil habitantes (2,1%).
OS NÚMEROS DO CANAL FOOD SERVICE
O Food Service teve peso 12,5% nas vendas totais do mercado de Alimentos em 2024, um pouco maior do que o mostrado em 2023, quando foi de 12,2%. Em termos de Brasil, em relação a 2023, o canal apresentou crescimento de 11,4% nas vendas em receita, 3,8% nas vendas em volume, 7,4% no preço médio, 4,3% no número total de PDVs e 6,8% na receita média por PDV.
Diferentemente do canal Varejo Alimentar, o Food Service não cresceu em todos os KPIs estudados, uma vez que a região Centro-Oeste trouxe uma queda nas vendas em volume.
DADOS POR REGIÕES
SUDESTE – Com representatividade de 47,2% das vendas (48% em 2023), o Sudeste teve aumento de 9,7% nas vendas em receita, 2,2% nas vendas em volume, 7,3% no preço médio, 4,8% no número total de PDVs e 4,7% na receita média por PDV.
SUL – Neste canal, a região assume a segunda colocação em termos de participação nas vendas, que foi de 21,4% em 2024 (20,8% em 2023). O Sul teve incremento de 14,5% nas vendas em receita, 2,4% nas vendas em volume, 11,9% no preço médio, 5,6% no número total de PDVs e 8,4% na receita média por PDV.
NORDESTE – Na terceira colocação em representatividade, o Nordeste respondeu por 16,6% das vendas, pouco acima dos 16,4% de 2023. O crescimento na região foi de 12,3% nas vendas em receita, 10,3% nas vendas em volume, 1,7% no preço médio (o pior desempenho para o KPI), 1,3% no número total de PDVs e 10,8% na receita média por PDV.
CENTRO-OESTE – A região perdeu participação nas vendas, passando de 9,1% em 2023 para 8,6% em 2024. Entre os KPIs estudados, houve a evolução de 6,1% nas vendas em receita, porém queda de -0,5% nas vendas em volume (o único número negativo neste estudo). O Centro-Oeste também evoluiu 6,6% no preço médio, 3,6% no número total de PDVs e 2,4% na receita média por PDV.
NORTE – O Norte do país teve a menor representatividade do mercado de Alimentos em 2024 entre as regiões, com participação de apenas 6,2% (ainda assim, uma elevação em relação aos 5,8% de 2023). Outros números bastante positivos estão no percentual de crescimento das vendas em receita (20,6%), vendas em volume (4,3%), preço médio (15,6%), total de PDVs (3,2%) e receita média por PDV (16,9%).
DADOS POR FAIXA POPULACIONAL
Neste recorte do canal Food Service, as cidades com melhor desempenho nos KPIs vendas em receita (crescimento de 13,5%) e receita média por PDV (9,9%) estão na faixa de mais de 900 mil habitantes. Destaque-se, contudo, que vendas em receita tiveram elevação de pelo menos 10% em todas as faixas populacionais. Em relação às vendas em volume, se destaca a evolução das cidades de até 20 mil habitantes (6,6%).
Nesse mesmo KPI, o pior desempenho ficou com as cidades entre 500 mil e 900 mil habitantes, com crescimento de apenas 0,9%.