Em cenário incerto, estudo Mtrix com dados de maio traz parâmetros para o planejamento estratégico das empresas
O Brasil segue lutando pela estabilidade econômica neste primeiro semestre de 2024. Há muitos indicadores positivos na nossa economia. A inflação tem se mantido dentro da meta do Banco Central, apesar de alguns aumentos sazonais, a taxa de desemprego vem caindo na comparação anual e há um esforço do governo na manutenção das metas fiscais. Contudo, há fatores que vêm preocupando os analistas econômicos.
Por um lado, no cenário externo, a persistência de conflitos armados no oriente médio e no leste europeu continua a afetar os preços de algumas commodities. Por outro, com a economia norte-americana aquecida e juros mantidos em patamares mais elevados pelo FED, o dólar vem se fortalecendo perante moedas do mundo inteiro, o que pressiona importações e dívidas ancoradas em dólar.
Internamente, turbulências mais políticas do que econômicas acabam causando algum ruído nos mercados, afetando as expectativas de juros futuros. Além disso, secas extremas que já atingem o Nordeste e o Centro-Oeste neste meio de ano e as recentes enchentes no Rio Grande do Sul trazem grande incerteza quanto à robustez da produção agrícola, tanto para consumo interno quanto para exportação. A combinação desses fatores tem levado a previsões de desaceleração do PIB e preocupado economistas.
Diante desse cenário e do impacto que ele pode causar no consumo, é natural que as empresas procuram cercar-se de informações de mercado que tragam o máximo de confiabilidade para fundamentar suas decisões estratégicas.
O mais recente estudo Mtrix Market Insights contempla os dados relativos aos meses de janeiro a maio de 2024 em comparação com igual período de 2023, bem como os números isolados de maio de 2024 em relação a maio de 2023, abrangendo os mercados de Alimentos (nos canais Varejo Alimentar e Food Service) e Home Care & Personal Care (canais Varejo Alimentar e Farmácias & Perfumarias).
O canal Varejo Alimentar considerado neste estudo engloba atacado de autosserviço, mercados de todos as partes, lojas de conveniência, além de varejos tradicionais como armazéns, mercearias e empórios. Já o food service considera dados de bares, lanchonetes, padarias, restaurantes, hotéis/motéis e estabelecimentos voltados ao entretenimento.
Os números abrangem todo o Brasil em recortes por regiões e por faixa populacional, além de destacar KPIs como vendas em receita, volume, preço, total de compradores e ticket médio por PDV, resumidos neste artigo.
HIGHLIGHTS DO MÊS DE MAIO
O que se pode observar neste estudo é uma certa deterioração dos números do mês de maio em relação aos indicadores referentes aos cinco primeiros meses do ano, ressaltando que, de maneira geral, o canal Varejo Alimentar demonstrou melhor performance em comparação com os demais.
No mercado de Alimentos, o Varejo Alimentar apresentou números positivos em quase todos os KPIs: +3,4% nas vendas em receita, +2,1% nas vendas em volume, +1,3% no preço médio e +3,8% no ticket médio por PDV, com retração apenas no total de PDVs (-0,4%). Por sua vez, o canal Food Service, mostrou um movimento de retração em todos os parâmetros analisados: -1,8% nas vendas em receita, -1,3% nas vendas em volume, -0,6% no preço médio, -1,0% no ticket médio por PDV.
No mercado HCPC, em maio, o canal Varejo Alimentar é o que exibe melhores resultados no recorte nacional: +5,1% (vendas em receita), +6,2% (vendas em volume) e +6,0% no ticket médio por PDV. Por outro lado, o canal Farmácias e Perfumarias (18% das vendas), exibiu perdas de -8,9% (vendas em receita), -7,2% (vendas em volume), -1,8% (preço médio) e -8,0% (ticket médio por PDV).
ALIMENTOS
Na comparação YTD (janeiro a maio), observa-se que, em termos de quantidade de pontos de venda (PDV), o canal Varejo Alimentar ficou praticamente estável, com pequena variação positiva de +0,4%, passando de 321.830 para 323.266 lojas. Já o canal Food Service teve um aumento de +1,4% no período, passando de 204.040 para 206.822 estabelecimentos.
Quanto aos indicadores do mercado de Alimentos em âmbito nacional, o Varejo Alimentar apresenta crescimento no período de janeiro a maio em todos os indicadores: vendas em receita (+4,6%), vendas em volume (+2,1%), preço médio (+2,5%) e ticket médio por PDV (+4,2%). Em maio, o desempenho foi um pouco inferior, registrando evolução de +3,4% nas vendas em receita, +2,1% nas vendas em volume, +1,3% no preço médio e +3,8% no ticket médio por PDV.
No mesmo período, os resultados do Food Service foram: crescimento de +5,1% nas vendas em receita, +2,4% nas vendas em volume, +2,6% no preço médio e +3,7% no ticket médio por PDV. Esses números do Food Service na comparação YTD contrastam fortemente com os dados isolados de maio: redução de -1,8% nas vendas em receita, -1,3% nas vendas em volume, -0,6% no preço médio e -1,0% no ticket médio por PDV.
DADOS YTD POR REGIÕES
Na categoria Alimentos, no período de janeiro a maio vale destacar o crescimento do Varejo Alimentar da região Nordeste nas vendas em receita (+8,1%) e em volume (+5,3%), assim como o ticket médio por PDV (+9,3%), mostrando desempenho bem acima das outras regiões. A região também apresentou números bem mais positivos do que as demais no canal Food Service, com crescimento de +9,2% nas vendas em receita, +12,7% nas vendas em volume e +11,3% no ticket médio por PDV, apesar do resultado negativo no preço médio, que teve queda de -3,2%.
Também chama atenção a perda de -1,0% nas vendas em volume no canal Varejo Alimentar da região Sudeste na análise YTD, assim como a queda de -4,5% nas vendas em volume do canal Food Service da região Sul no mesmo período.
DADOS DE MAIO POR REGIÕES
NORDESTE – Neste mês, com exceção do preço médio do canal Food Service (-4,8%), todos os indicadores foram positivos, destacando a região do restante do país. Os números mais significativos foram o aumento nas vendas em receita do canal Varejo Alimentar (+10,0%) e o crescimento das vendas em volume do canal Food Service (+13,5%).
SUDESTE – O único dado que apresentou elevação na região foi o preço médio, tanto no canal Varejo Alimentar (+2,1%) quanto no Food Service (+3,5%). As perdas mais significativas ficaram com o canal Food Service, que mostrou retração de -5,0% nas vendas em volume.
SUL – Na região, o Food Service também mostrou quedas expressivas como -10,3% nas vendas em receita e -12,1% nas vendas em volume. O preço médio, único número positivo do canal (+2,0%), ainda assim ficou abaixo do resultado do Varejo Alimentar no mesmo indicador, que evoluiu +3,2%. O destaque positivo de maio no Varejo Alimentar da região Sul foi o ticket médio por PDV, que aumentou +5,0%.
CENTRO-OESTE – Nesta região, o Varejo Alimentar aparece com todos os indicadores positivos, destacando-se as vendas em receita (+3,4%) e o ticket médio por PDV (+3,3%). Já o Food Service apresentou queda de -1,3% no preço médio e de -0,4% nas vendas em receita.
NORTE – Aqui o preço médio registrou queda tanto no canal Varejo Alimentar (-1,0%) quanto no canal Food Service (-5,0%). A exemplo das demais regiões, os melhores resultados encontram-se no Varejo Alimentar, que mostrou avanço de 4,8% nas vendas em volume e 4,0% nas vendas em receita.
DADOS DE MAIO POR FAIXA POPULACIONAL
No canal Varejo Alimentar, praticamente todas as faixas sofreram perdas no número total de PDVs, com exceção para as cidades de até 20 mil habitantes e de 500 mil a 900 mil habitantes. A melhor performance do Varejo Alimentar nos indicadores preço médio e ticket médio por PDV ficou com as cidades com mais de 900 mil habitantes: +3,7% e + 5,2%, respectivamente. As cidades entre 20 mil e 50 mil habitantes também trouxeram bons números em termos de vendas em receita (+3,9%), vendas em volume (+5,7%) e ticket médio por PDV (+4,5%), apesar da queda de -1,7% no preço médio.
No canal Food Service, as cidades acima de 900 mil, entre 100 mil e 500 mil e entre 20 mil e 50 mil habitantes apresentaram perdas em praticamente todos os indicadores. A pior performance ficou com as cidades entre 100 mil e 500 mil habitantes, com redução de -6,0% nas vendas em receita, -6,6% nas vendas em volume, -0,7% no total de PDVs e -5,3% no ticket médio por PDV. Apenas o preço médio elevou-se em +0,7%.
As cidades entre 500 mil e 900 mil habitantes surgem como destaque positivo do canal, com elevação de +2,4% nas vendas em receita, +12,6% nas vendas em volume e +2,4% no ticket médio por PDV. Contudo, a mesma faixa registrou queda de -9,1% no preço médio.
HOME CARE & PERSONAL CARE
No estudo da categoria HCPC, o canal Varejo Alimentar e o canal Farmácias & Perfumarias registram leve aumento no número de lojas na comparação YTD (janeiro a maio). O Varejo Alimentar passou de 264.564 para 266.248 lojas, um crescimento de +0,6%. O canal Farmácias & Perfumarias ampliou o número de PDVs em +0,7%, saindo de 83.761 para 84.334 estabelecimentos.
No canal Varejo Alimentar, os indicadores da categoria em âmbito nacional são todos positivos e trazem números robustos no período de janeiro a maio: +10,5% nas vendas em receita, +7,6% nas vendas em volume, + 2,8% no preço médio e +9,8% no ticket médio por PDV.
Já o canal Farmácias & Perfumarias sofreu perdas nos primeiros cinco meses de 2024 nos indicadores: Vendas em receita (-1,3%), preço médio (-1,5%) e ticket médio por PDV (-2,0%). As vendas em volume tiveram modestíssimo crescimento de +0,2%, beirando a estabilidade.
DADOS YTD POR REGIÕES
No canal Varejo Alimentar, encontramos no período de janeiro a maio crescimento que chega a dois dígitos nas regiões Nordeste (+12,6% nas vendas em receita, +15,7% nas vendas em volume e +13,5% no ticket médio por PDV), Sudeste (+12,8% nas vendas em receita, +12,3% no preço médio e +10,3% no ticket médio por PDV) e Centro-Oeste (+10,8% nas vendas em volume) e +11,3% no ticket médio por PDV). Neste canal, os dados em queda se concentram no preço médio: -2,7% no Nordeste, -0,8% no Centro-Oeste e -1,5% na região Norte.
Já no canal Farmácias & Perfumarias, o Norte se sobressai como a única região com todos os indicadores positivos, com destaque para as vendas em receita (+5,7%), preço médio (+4,6%) e ticket médio por PDV (+4,4%). Nas demais regiões, os dados positivos são poucos e o crescimento é modesto, exceção feita às vendas em volume no Nordeste (+8,4%) e o preço médio na região Sul (+7,5%).
DADOS DE MAIO POR REGIÕES
NORDESTE – A região Nordeste ostenta o maior número de indicadores positivos do estudo no mês de maio, com queda apenas no total de PDVs do canal Varejo Alimentar e no preço médio dos dois canais: -6,3% no Varejo Alimentar e -0,2% nas Farmácias & Perfumarias. O destaque é o crescimento do Varejo Alimentar, que atingiu +15,7% nas vendas em volume e +9,2% no ticket médio por PDV.
SUDESTE – Esta é a região onde os canais apresentaram o comportamento mais uniforme, com crescimento em todos os indicadores do Varejo Alimentar e redução em todos os indicadores de Farmácias & Perfumarias, cujos números chegaram a dois dígitos nas vendas em receita (-13,6%), nas vendas em volume (-10,9%) e ticket médio por PDV (-11,8%). O destaque positivo do canal Varejo Alimentar foi a alta de +8,5% nas vendas em receita.
SUL – Aqui os dados positivos foram a elevação de +5,2% no preço médio do canal Farmácias & Perfumarias e o crescimento das vendas em volume (+1,3%) e do ticket médio por PDV (+4,1%) no canal Varejo Alimentar. No campo negativo, as maiores quedas se deram no canal Farmácias & Perfumarias, com destaque para a redução de -9,2% nas vendas em receita e de -13,7% nas vendas em volume.
CENTRO-OESTE – Nesta região, o Varejo Alimentar teve na maioria dos indicadores melhor desempenho do que o canal Farmácias & Perfumarias, o qual apontou queda nas vendas em receita (-5,2%), vendas em volume (-2,9%), preço médio (-2,3%) e ticket médio por PDV (-5,7%)
NORTE – A região foi a que apresentou a maior quantidade de resultados negativos. Com exceção das vendas em volume do canal Farmácias & Perfumarias, que se elevaram em +5,8%, todos os demais indicadores da região sofreram queda em maio, nos dois canais estudados. Os destaques negativos no canal Varejo Alimentar são as vendas em receita (-7,7%) e ticket médio por PDV (-7,1%); no canal Farmácias & Perfumarias, a queda de -8,2% no preço médio.
DADOS DE MAIO POR FAIXA POPULACIONAL
O Varejo Alimentar apresentou em maio resultados positivos em todas as faixas populacionais nos indicadores vendas em receita, vendas em volume e ticket médio por PDV, com destaque para as cidades entre 20 mil e 50 habitantes, com os seguintes números: +9,0% nas vendas em receita, +14,1% nas vendas em volume e +9,4% no ticket médio por PDV.
Por outro lado, o preço médio foi um dado que mostrou redução em quase todas as faixas, com exceção das cidades entre 100 mil e 500 mil habitantes (crescimento de +1,9%) e mais de 900 mil habitantes (+1,6%).No canal Farmácias & Perfumarias, os números negativos predominaram em todas as faixas, com destaque para as cidades entre 500 mil e 900 mil habitantes (queda de -16,4% nas vendas em receita, -9,5% nas vendas em volume e -14,7% no ticket médio por PDV) e acima de 900 mil habitantes (queda de -13,7% nas vendas em receita, -11,8% nas vendas em volume e -12,1% no ticket médio por PDV).
O destaque positivo é o crescimento de +5,6% nas vendas em volume na faixa de 50 mil a 100 mil habitantes.